Em setembro do ano passado, fui convidado para falar no SADEBR (maior evento de Marketing Educacional do Brasil) sobre o tema “Tendências Globais de Consumo e o Impacto no Ensino Superior” (os slides dessa palestra estão disponíveis na íntegra, e você pode acessá-los por este link).
Foi uma experiência um pouco diferente do que eu estava acostumado, pois meu objetivo principal não era transmitir conhecimento ou uma metodologia, e sim provocar os participantes para que pudessem perceber o quanto o mercado em que atuam será impactado com as mudanças de comportamentos das gerações nascidas neste milênio.
Uma das tendências que falei foi justamente a de Lifelong Learning, que volto a abordar neste texto.
Se você não conhece o termo, explico: é o ato de passar a vida toda estudando. Os lifelong learners são os eternos aprendizes que buscam conhecimento o tempo todo.
Porém, não é aquele esquema que muitos de nós conhecemos, no qual a pessoa faz uma graduação, depois a pós-graduação, em seguida um mestrado, engata num doutorado e por fim, alguns PHD’s.
É bem mais simples do que isso, mas antes de me aprofundar no tema, deixa eu falar um pouco sobre os millenials: eles são as pessoas que nasceram neste milênio, e caso você não tenha percebido, já estão entrando no ensino superior desde 2018.
Como os millenials nasceram numa época na qual tudo é digital, o comportamento deles também segue os princípios digitais.
Eles pensam e agem de forma não linear, estão o tempo todo conectados, são muitas vezes imprevisíveis, pensam de forma exponencial e são multidisciplinares.
Agora, pense na pessoa que segue o esquema: graduação-pós-mestrado-doutorado-PHD que falei acima. Ele pensa e age de forma linear, segmentada, repetitiva e muito mais previsível.
Onde eu quero chegar?
As nossas Escolas e Faculdades ainda estão esperando alunos no milênio passado para sentarem em suas cadeiras.
Talvez seja por isso que as taxas de evasão estão só aumentando.
Segundo censo do INEP, a taxa de evasão no ensino superior beira a 40%, e segundo o censo do ensino básico, a evasão pode chegar a 50% quando falamos de ensino médio na rede pública.
E o que isso tem a ver com o Lifelong Learning?
Antes, as pessoas se especializavam profundamente num tema, geralmente algo que iria definir sua carreira e a contribuir para a organização que ele escolheu para trabalhar.
Já nos dias atuais, os millenials preferem estar em contato com os conhecimentos e habilidades que precisam para atingir os seus objetivos.
Por isso, quando você tiver em mãos o currículo de um millenial, e perceber que ele muda rapidamente de função e empresa, é simplesmente porque ele está em busca de atingir os seus objetivos.
E como ele se prepara para isso? Por meio de aprendizado contínuo, atualizado, ágil e disponível em qualquer lugar (plataforma).
E é aqui que entra o conceito de Lifelong Learning: este “eterno aprendiz” irá buscar o que tem de mais novo e atual para desenvolver um conhecimento e/ou uma habilidade que está ligada a um objetivo pessoal e a um projeto profissional no qual ele está envolvido.
Ele quer acessar este conhecimento ou habilidade nas próximas horas, semanas ou no máximo meses. Ele não quer esperar alguns anos para isso.
Então quer dizer que essas pessoas não irão mais fazer um curso de graduação? Alguns definitivamente não.
Aliás, alguns já não estão fazendo. Mas muitos ainda farão e a pergunta principal é: o que vem depois? Onde ele fará os cursos pela vida toda?
Enxergamos dois grandes desafios das Escolas e Faculdades para o futuro:
- Engajar os alunos para que eles completem a educação formal;
- Oferecer plataformas e conteúdos para que eles possam ser eternos aprendizes com a sua instituição.
Enquanto isso não acontece, estes alunos estão buscando este conhecimento em plataformas de cursos livres, em geral online, mas principalmente no Youtube.
Existem milhares e milhares de horas de conhecimentos e habilidades disponíveis no Youtube, gratuitamente, a um click de distância dos seus alunos e futuros alunos.
Mas este conteúdo é confiável?
Bom, caberá às escolas e faculdades a desenvolver habilidades de curadoria, para que estes alunos, autônomos e eternos aprendizes, entendam como diferenciar um conteúdo de qualidade e que agregue conhecimentos e habilidades reais para o seu dia a dia de um conteúdo que não.